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Itapira, 19 de Abril de 2024 -
27/04/2021
Luiz Santos: Família, precioso dom

Maio é o mês dedicado à família, ao lar, na Igreja Presbiteriana do Brasil e especialmente na Igreja Presbiteriana Central de Itapira. A família é uma criação de Deus. Suas criaturas racionais e morais, feitas à sua imagem e semelhança, foram divinamente vocacionadas a constituírem família e isto, antes da queda. Muitos foram os dons perdidos por ocasião do pecado original, mas o dom da família foi preservado por Deus, justamente para a cura, o conforto, a proteção, o desenvolvimento e a dignidade da pessoa humana. Se a família é uma criação de Deus não cabe ao Estado ou qualquer outra instituição definir o que é a família. No máximo, o Estado ou outra instituição, pode reconhecer e legislar sobre ‘arranjos’ familiares e buscar a melhor maneira de preservar a dignidade e garantir um mínimo de bem-estar aos membros deste arranjo. Mas, no projeto original de Deus a família constitui-se de um casal hétero e dos filhos que nascem desta união ou pelo casal são adotados em amor. De todos os dons concedidos por Deus de maneira liberal sobre a humanidade, após o oferecimento gratuito da salvação em Cristo Jesus, nenhum supera a família. Nesses dias de pandemia em que experimentamos uma maior sensação de alienação, solidão e o real distanciamento de pessoas tão queridas, pertencer a uma família estável, bem fundada e unida fez e faz toda a diferença do mundo. Ainda que não faltem as preocupações de cada dia, as diferenças de opinião e de outras ordens, ainda mais afloradas pelas tensões destes dias difíceis, a família possui um papel terapêutico e um papel essencial em nossa existência. Ela oferece a estrutura emocional, psicológica e social necessárias para nos situar na história e nos dá as condições de responder com senso de maior responsabilidade e sabedoria aos desafios impostos pela pandemia. Contudo, não podemos ignorar que ser e manter a família unida e em paz nesse tempo tem sido um grande desafio. Não há como ignorar o crescente número de violência contra a mulher, o crescente abuso de menores e os muitos desarranjos e divórcios, inclusive motivados pelas dificuldades financeiras, outro efeito colateral da pandemia. Muitas famílias têm lutado a feroz batalha de enfrentar a insalubridade e a insegurança deste tempo para ganhar o pão de cada dia e honrar com decência os seus compromissos com aluguel, água, energia elétrica e etc. Quando isso não acontece um outro drama, na verdade uma tragédia tem se abatido sobre as famílias. Muitas têm sido desalojadas de suas casas e ainda que o lar não seja desfeito, são jogados juntos na rua, ficando assim em uma situação de estrema vulnerabilidade. Como um dom recebido é nosso dever cuidar bem da nossa família e envidar todo o esforço ao nosso alcance para estender também uma rede de proteção sobre as famílias mais fragilizadas que conhecemos. Em se tratando da nossa família, este é um tempo mais que oportuno para se investir emocional e espiritualmente nela. É um tempo que reclama diálogo, participação, envolvimento emocional, cuidado pessoal e demonstrações inconfundíveis de apreço, carinho e amor. Também é uma ocasião propícia para se aprender que ser juntos não é o mesmo que estar juntos. Não basta ocupar os mesmos espaços nas casas, tempos que ocupar os mesmos espaços nos corações. A família é o único lugar de fato na vida que só podemos ser o que de fato somos. Aliás, a família nos faz experimentar uma realidade muito parecida com a da oração ou seja, só podemos ser o que somos e nada diferente disso. Porque ainda que tenhamos palavras sofisticadas ou não sejamos tão sinceros na oração, permanece o fato que Deus nos conhece exatamente como somos. Em casa, ainda que o poder de conhecimento da família a nosso respeito seja limitado, ela nos conhece o suficiente para saber quando não estamos sendo quem somos. Logo, a família é um lugar de autenticidade. Nem sempre é bonito o que desfilamos diante dos nossos entes queridos, mas o tempo e a proximidade lhes permitem nos amar e nos acolher para muito além do que merecemos. Há um traço da graça de Deus aqui. Precisamos investir espiritualmente em nossa família, aproveitar esta ‘pandemia de lives e transmissões’ de muitas igrejas e ministérios, para prover orientação e alimento espiritual para o nosso lar. Devemos encorajar os nossos parentes a lerem as Escrituras, bons livros devocionais e desenvolverem o hábito de orar no quarto secreto, à mesa para ação de graças e pelas ocasiões que envolvem diretamente a família. Maio é um tempo forte para isso na Igreja Presbiteriana Central de Itapira. Que cada lar se transforme em um santuário doméstico, em um lugar onde experimentam no já e ainda não, as alegrias do por vir.

Reverendo Luiz Fernando é pastor na Igreja Presbiteriana Central de Itapira



Fonte: Luiz Santos

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