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Itapira, 28 de Março de 2024 -
27/08/2018
Luiz Santos: Cantar é próprio de quem ama

Há mais de vinte anos escrevi uma apresentação para um CD autoral e independente. Oitenta por cento das letras eram de minha autoria e era um material feito para a evangelização das famílias. Escrevi algo mais ou menos assim: “cantar é próprio de quem ama. Esta é uma frase extraída do pensamento do grande sábio Agostinho, bispo de Hipona. O ‘Doutor da Graça’ queria ressaltar a importância e a beleza da música no relacionamento com Deus, e cantar significava entre outras coisas, dizer ao Criador, ‘te amo, com melodia’. É a reação inevitável para a alma ferida de amor”. Ainda hoje creio nisso que escrevi à luz do pensamento de Agostinho. Cantar está no centro da experiência afetiva do cristianismo, é um dos momentos mais significativos de abertura do coração às influências da graça e a elevação dos afetos aos céus. Por isso, o ‘ministério de louvor’ deve ocupar um lugar muito especial na vida da igreja e merece sempre séria reflexão por parte da liderança. Louvor e púlpito estão umbilicalmente unidos e não podem caminhar em sentidos diferentes, como irmãos siameses que são. O púlpito deve fornecer a matéria-prima para o louvor, o conteúdo das letras deve expressar o ensino geral das Escrituras e o seu caráter. O púlpito deve modelar a Teologia do que é cantado, de modo que o ‘ministério de louvor’ não contradiga e nem destrua na igreja a sã doutrina. De sua parte, o que se canta na comunidade deve preparar as mentes e os corações para acolher com alegria, boa disposição e desejo santo a Palavra do evangelho emanada do púlpito. A exigência de um mínimo irredutível de conhecimento Bíblico e teológico não pode ser menosprezado pelos cristãos que estão envolvidos na condução do louvor na igreja. Além das qualidades técnicas óbvias que são necessárias aos instrumentistas e cantores, também um razoável conhecimento teológico deve ser buscado pelos mesmos e oferecido pela liderança da igreja. No que diz respeito ao canto congregacional (tradicional ou contemporâneo), a verdade não deve ser sacrificada no altar da estética, é nosso dever cantar somente o que se harmoniza com as Escrituras, ao mesmo tempo que a verdade para causar impressão deve ser apresentada com beleza para fazer jus ao Deus que é o autor do belo, reflexo de sua magnífica santidade. Também a vida espiritual de um cristão dedicado ao ofício de cantar ou tocar não pode ser descuidada. Aquele que se coloca diante da igreja para auxiliar os crentes na ministração do louvor deve cultivar uma vida íntegra e piedosa. A piedade é uma qualidade do caráter indispensável para o reto exercício de qualquer dom ou ofício na comunidade de fé. A piedade é uma espécie de moldura que sustenta a vida ministerial, é a porção da graça que legitima e empodera o dom recebido, santifica o talento aprimorado e a técnica apreendida. Pode se dizer da piedade o que é dito da fé, uma vez que ambas são quase sinônimas: ‘sem piedade é impossível agradar a Deus’ (cf. Hb 11.16). Poderíamos afirmar ainda que sem piedade é impossível edificar os santos. O louvor é uma estratégia para a evangelização e as missões. É uma profissão de fé coletiva, um testemunho público poderoso e uma declaração poderosa dos feitos de Deus diante das nações: “Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te todos os povos” (Sl 67.5); “Cantem ao Senhor um novo cântico; cantem ao Senhor, todos os habitantes da terra!; Cantem ao Senhor, bendigam o seu nome; cada dia proclamem a sua salvação! Anunciem a sua glória entre as nações, seus feitos maravilhosos entre todos os povos!” (Salmo 96.1-3). Resta evidente, que o que se aplica aqui aos irmãos que se dedicam ao ‘ministério de louvor’ se aplica a todos os adoradores sem concessão alguma. Todos os cristãos são ministros de louvor, são sacerdotes para a adoração do Deus Altíssimo. Em Cristo, todos penetramos o santo dos santos e entramos para além do véu na presença do Eterno. De todos os crentes, igualmente, para uma adoração aceitável deve haver o reto conhecimento de quem Deus é, fé verdadeira para agradá-lo, santidade provada para vê-lo, ética abundante para honrá-lo e amor exclusivo para adorá-lo em espírito e verdade. Que o Senhor se digne a aceitar o louvor de nossa voz, o cântico de nossas vidas, as doces melodias de nossas obras acompanhadas de um culto público alegre, afetuoso, contagiante e belo.



Fonte: Luiz Santos

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