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Itapira, 18 de Abril de 2024 -
19/07/2018
Luiz Santos: Maturidade

A maturidade faz parte do processo natural da vida. O tempo, as experiências vividas, os conhecimentos adquiridos, os hábitos cultivados e as transformações do nosso corpo cooperam para o nosso desenvolvimento e maturação. É verdade que a maturidade psicológica, emocional, intelectual e espiritual pode muito bem “atrasar” na vida de uma pessoa e não necessariamente acompanhar a sua faixa etária. Assim, idade cronológica e maturidade ficam em descompasso. Há uma série de fatores que podem concorrer para isso, assunto quem sabe para uma outra pastoral. Aqui, desejo tratar da falta de maturidade para os discípulos de Cristo. Generalizando, a igreja evangélica brasileira em muitos ambientes revela uma crise de maturidade. Muitos crentes são crianças na fé e não no sentido do que Cristo disse (Mt 18. 1-4), mas no sentido de serem inexperientes, infantis, superficiais e pirracentos até. A imaturidade é uma realidade para o discípulo que negligencia ou abre mão de sua obrigação de crescer no conhecimento e na imitação da vida de Cristo. Quando ele orienta a sua vida cristã não mais pelos essenciais da fé, mas opta por viver na periferia da vida com Jesus. É caso dos cristãos que ignoram a Bíblia. Não é só o fato de não terem decorado versículos ou de apenas conhecer uma ou outra passagem. Mas sobretudo o fato de ignorar na narrativa bíblica o drama da redenção, o projeto em curso de Deus em Cristo por meio da Igreja de reconciliar o mundo consigo. Ignorando isso, evidentemente esses cristãos não são parte engajada no processo e caminham à margem (quando não, na contramão) do que Deus está fazendo no mundo. Crentes assim são justamente aqueles que não suportam a pregação expositiva das Escrituras, que não se interessam por estudos bíblicos profundos e sistematizados, que não se interessam por teologia, doutrina e, consequentemente, por ética. Preferem ambientes menos engajados e mais parecidos com o que o mundo do entretenimento tem a oferecer, com comunidades que se assemelham mais a um clube social ou ONG. Palavras como jejum, consagração e oração são quase inexistentes em seu vocabulário e as músicas ‘cristãs’ que gostam de ouvir são aquelas que falam mais de suas necessidades e conquistas pessoais do que aquelas que exaltam a Deus na criação, na redenção e na glorificação. Também o evangelho da cruz, do preço do discipulado, de uma vida de seguimento radical de Jesus não ocupa lugar em suas mentes e em seus corações. A maturidade chega na vida cristã quando o crente está convencido da primazia das Escrituras em sua experiência religiosa. Quando intencionalmente ele satura a sua mente e o seu coração com a Palavra de Deus. Expõem-se voluntariamente às influências de uma pregação bíblica genuína e profunda. Busca abastecer e informar a sua fé com estudos bíblicos e teológicos com ressonâncias práticas para um viver ético sadio e comprometido no mundo. Essa maturidade se aprofunda quando o cristão tem uma disciplinada vida de oração pessoal. Quando a sua frequência no quarto secreto, sozinho diante do Pai é parte essencial do seu dia e quando por meio de outras disciplinas espirituais auxiliares, ele se consagra a Deus numa vida de santificação progressiva, abandono dos vícios e pecados e apego às virtudes de Cristo. A maturidade cristã pode ser mensurável, ela tem um lado visível. Assim como a santificação de um homem é o lado visível de sua salvação, como ensinavam os puritanos, o lado visível da maturidade cristã é o seu viver ético em todas as dimensões de sua vida. Viver ético significa a irrefreável intenção de glorificar a Deus em todas áreas do seu existir, mesmo nas coisas mais triviais: “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). A maturidade cristã também pode ser mensurada pelo engajamento consciente e radical no serviço aos irmãos: “Quando terminou de lavar-lhes os pés, Jesus tornou a vestir sua capa e voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: Vocês entendem o que lhes fiz? Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz (...) agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem". (João 13. 13-17). A maturidade cristã é um compromisso que devemos assumir e renovar sempre nossa disposição para crescer todos os dias em nossa caminhada cristã. Devemos cultivar uma ‘santa insatisfação’ como o nosso estado geral atual e desejar sempre mais da graça e do conhecimento do Senhor. Oremos por uma igreja madura, saudável e mais configurada ao Cristo.

Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira.



Fonte: Luiz Santos

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