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Itapira, 20 de Abril de 2024 -
02/08/2015
Editoriais A Cidade: Médicos Fantasmas

 

Quantas vezes não nos apiedamos diante de cenas desumanas desnudadas pelas reportagens televisivas que mostram brasileiros amontoados nos corredores dos hospitais, apinhados nas áreas de espera por horas a fio, deitados no chão, com dores, à espera de um atendimento médico, muitos entre a vida e a morte. A explicação é sempre parecida: ou faltam leitos ou faltam médicos.

A falta de leito é física, os existentes ocupados ou não, lá estão para serem conferidos. A falta de médico também poderia ser conferida, bastaria uma checagem no ponto do dia. Os leitos quando lotados são possíveis de serem verificados. Em muitos hospitais públicos, o livro de ponto pode dizer que todos os médicos estão nos seus respectivos postos.

Os Tribunais de Contas, a Polícia Federal e o Ministério Público relataram a existência de médicos fantasmas atuando no Sistema Único de Saúde em nove estados e no distrito federal. Médicos contratados pelo poder público que ganham mesmo não comparecendo ao trabalho. Há médicos que batem o ponto na entrada e vão embora para seus consultórios ou para clínicas ou hospitais particulares. Há médicos que registram mais horas trabalhadas do que as horas que existem em uma semana. Há médicos que precisariam ter dias de quarenta e oito horas para justificar o trabalho de um dia normal.  Há médicos que marcam o ponto mesmo estando em viagem fora do Brasil. Há pessoas que participam do esquema batendo o ponto de alguém como se esse alguém estivesse executando o trabalho para o qual foi contratado e recebe no final do mês.

Não se deve generalizar, mas os casos já identificados são significativos. Não se deve, também, responsabilizar exclusivamente os médicos, outros profissionais da saúde estão envolvidos e as fraudes, quase sempre, contam com o consentimento ou com a conivência ou com acordos societários espúrios dos administradores dos hospitais.

As investigações, mesmo que tardias, soam como um alento a este país acostumado a ouvir o clamor popular sem nunca responsabilizar de forma efetiva os espertinhos.  



Fonte: Editoriais A Cidade

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