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Itapira, 26 de Abril de 2024 -
29/07/2014
Uma semana de atividades para celebrar os dois anos do Projeto Santa Carlota

  

Parte da equipe de colaboradores do projeto durante evento realizado na terça-feira

 

A reportagem do jornal A Cidade visitou na terça­-feira, 22, na zona rural do município as instalações da Fazenda Santa Carlota, onde o Instituto de Psiquiatria Américo Bairral, desenvolve um programa alternativo de recuperação de dependentes químicos que recebe recursos oriundos do SUS (Sistema Único de Saúde). Inaugura­do em 13 de julho de 2012, inicialmente denominado Centro de Acolhimento e Re­cuperação Rural, que passou a ser Comunidade Terapêu­tica Rural Santa Carlota, foi projetado para absorver até 100 pacientes.



Atualmente emprega uma equipe composta por 42 colaboradores, todos sob a supervisão do especialista em assistência social Maurício Landre, 52, anos, egresso da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) e es­treito colaborador do Médico Psiquiatra Ronaldo Laranjeira, entusiasta do programa e uma das maiores autoridades sobre dependência química do país. Com 18 anos na área e especialista em dependência química, Landre explicou que nesta semana que assinala os dois anos de introdução do projeto a instituição achou por bem realizar uma semana toda de atividades envol­vendo pacientes,familiares funcionários, convidados da cidade e órgãos de imprensa.

Ele disse que a experiên­cia tem sido fantástica do ponto de vista do processo de recuperação de pacientes e que tem sido convocado por instituições de várias partes do Brasil para falar da experiência da Santa Carlo­ta. “Santa Carlota se tornou referência nacional. Itapira, por intermédio do Bairral está exportando saúde”, asseverou.

Durante a visita o projeto estava sendo realizada uma cerimônia onde pacientes que já ingressaram num es­tágio daquilo que chamam de sobriedade plena, em uma fase na qual recebem a “graduação”, nome dado ao desligamento do projeto, que acolhe pessoas do sexo masculino com idade a partir de 18 anos. Com autorização da coordenação e do próprio paciente, a reportagem con­versou com alguns destes que estavam se desligando ou já haviam se desligado do tratamento.



É o caso de Diego Cas­simiro da Silva, 21, natural de Sertãozinho-SP. Ele foi um dos primeiros a receber acolhimento. Depois de sete anos afundando na depen­dência do crack acabou sendo convencido pelos familiares a aceitar o tratamento.

Ficou seis meses, achou que estava curado e decidiu ir embora - uma das caracte­rísticas do programa é que a internação é voluntária. Nos seis meses que voltou para sua cidade, teve recaída. “Tomei a decisão de eu mesmo de ligar para o programa e pedir minha readmissão”, contou. Outros seis meses de recupe­ração e ele se considera apto a tentar novamente. Ganhou um estímulo importante: foi contratado para ajudar na cozinha do projeto.



Milton Pereira das Neves, 64, foi um dos “graduandos” desta semana. Natural de São Paulo e residente em Mogi Guaçu, foi acolhido no começo de janeiro . Segundo seu testemunho foram pelo menos 30 anos de dependência de drogas pesadas, entre elas o cra­ck. Emocionado, disse que não acredita em recaída. “O que eu aprendi aqui é para guardar para toda a vida. Aprendi a dar mais valor à minha própria vida e sei também , por tudo o que já passei, o quanto vale uma palavra de incentivo. E isso eu venho fazendo aqui e farei também lá fora. Levo o que aprendi aqui”, garantiu.

Ele disse que já passou por outras tentativas de re­cuperação, sem contudo ter sucesso. Disse que na Santa Carlota são muitos os aspectos que ajudam na recuperação, salientando a cumplicidade de cada um, da dedicação da equipe de funcionários e as técnicas empregadas, a vontade de se ajudar, são fatores deter­minantes para o sucesso da iniciativa.

Havia itapirenses entre os frequentadores do programa. Um deles, Patric Duzzo, de 23 anos, estava se graduando e decidiu falar abertamente do processo de recuperação. Ele conta que teve o primeiro contato com a cocaína aos 15 anos e que desde então sua vida se tornou um inferno. “Quando trabalhava, tudo o que eu ganhava ia para satisfazer a compulsão pela droga. Chegou um ponto onde comecei a vender coisas de casa. Felizmente vim conhecer o projeto da Santa Carlota”, contou. Patric relatou ainda que durante o auge da de­pendência chegou a pesar 54 quilos. Ele também foi um dos muitos casos de pessoas que chegam, ficam um período, pedem para ir achando que estão prontos para a volta ao convívio da sociedade e sofrem recaída. Voltou e ficou mais seis meses, recebendo de maneira definitiva sua “graduação” na terça-feira. “Saio convicto de que deixo para trás uma página negra da minha vida. Sou outra pessoa e devo isso ao convívio que tive aqui na Santa Carlota, com os colegas e os profissionais que nos atendem ”, finalizou.



Fonte: Da Redação do PCI

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