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Itapira, 21 de Dezembro de 2024 -
30/08/2022
Luiz Santos: O imperativo da oração comum

 "Também lhes digo que se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus. Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles" (Mateus 18.19,20).

“Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus” (Atos 4.31)

A igreja possui uma agenda frenética. Os crentes, em particular, também. Temos muito o que fazer e um tempo muito apertado, exíguo, entre um compromisso e outro. No meio dessa agitação quase insana, não raras vezes sacrificamos no altar das nossas atividades o tempo que deveríamos dedicar à oração, de maneira especial à oração comunitária. As Escrituras nos oferecem maravilhosos modelos de oração e orantes individuais. Moisés, Abraão, Davi, Ana e o próprio Senhor Jesus. Entretanto, a grande força do povo de Deus sempre residiu em possuir, cultivar e praticar a oração comunitária. O livro de atos dos apóstolos e o livro dos salmos formam uma espécie de manual canônico da oração comum do povo de Deus. O testemunho histórico é poderoso e demonstra como a oração livrou a igreja de desvios fatais, suportou e assimilou a disciplina aplicada por meio dos sofrimentos e como foi capaz de cumprir a sua missão de testemunhar e avançar e alargar as tendas do Reino de Deus sobre as nações. A igreja contemporânea parece desdenhar, desprezar ou ignorar os incalculáveis benefícios da oração. Ora ela se apoia quase que infantilmente em personalidades, celebridades e estratégias, ora ela fica procurando culpados ou justificativas de ordem cultural, financeira etc., para o seu nanismo, o seu vegetativo crescimento. No início de toda e qualquer empreitada de grandes e maravilhosos resultados na obra da igreja, está a vida de oração em comum. As reuniões de oração são a chave, o segredo, a senha para a realização de qualquer agenda de interesse do Reino de Deus. O baixíssimo número de frequentadores em nossas reuniões, a falta de zelo das principais lideranças da igreja em mobilizar e encorajar os irmãos para se reunirem e a sua ensurdecedora ausência nessas mesmas reuniões, são os grandes roubadores de energia da comunidade e a sua enfermidade mais letal. Uma igreja que não faz das reuniões de oração o seu mais fundamental ministério e a maior prioridade de sua agenda está fada a andar de lado, a não avançar, a ter uma vida espiritual modorrenta e um culto enfadonho. A igreja que não ora nunca é surpreendida por milagres, não experimenta e nem é agente das grandes coisas de Deus, não testemunha dramáticas conversões e vive por aparelhos, como numa UTI, vegetando. Trocar as reuniões presenciais de oração por reuniões virtuais, sobretudo em igrejas locais pequenas e médias, como a nossa por exemplo em nome de um alcance maior de pessoas é uma falácia perigosa. Na verdade, não há nada que justifique a existência ou a manutenção dessas orações, a não ser que exista uma única intenção inconfessa, a comodidade, o conforto, a lei do menor esforço. Nos dias da pandemia, nos piores dias da pandemia, essas reuniões online, remotas, não só justificavam, mas até reclamavam a sua existência. Outra prova dessa falácia é que as viagens turísticas retomaram fôlego, entretanto, muito dos destinos visitados ‘in loco’ também podem ser acessados por meio de uma imersão virtual. Contudo, parece-me que a proposta da imersão virtual não traz as mesmas impressões do que uma visita física, e por que com as reuniões de oração a prática tem sido outra? A igreja viverá dias importantes e delicados mais à frente. Antes da eleição do futuro pastor haverá eleição de presbíteros e diáconos. Esse é sempre um teste para o discernimento da comunidade. Não é em primeira mão um ato político ou administrativo, mas um discernimento espiritual, e a comunidade deverá escolher entre renovação e continuidade. Entre aprovar o trabalho individual e colegiado realizado até aqui ou escolher outros para que um novo dinamismo seja engendrado nessa delicada realidade eclesial, o governo pastoral e a liderança pela palavra e pela vida. Em seguida, a igreja deverá escolher o seu novo pastor. Critérios humanos, currículo e experiência só não são suficientes. A impressão da mente e das emoções, menos ainda. O discernimento deverá ser espiritual e no fim das contas poderemos dizer “pareceu bem a nós e ao Espírito Santo”. Esse discernimento nunca trará paz e não será abençoador se a igreja como um corpo não se dispuser em oração, em bem frequentadas e fervorosas reuniões de oração, de maneira especialíssima as presenciais. Estenda as bênçãos das reuniões de oração para o fomento do amor fraterno sem fingimento, para as relações de mutualidade e cooperação ministerial e no discipulado. Coloque na ‘conta’ da oração inclusive os visitantes, as conversões e a saúde financeira da igreja. Não há bênção reservada aos santos que Deus não tenha determinado e resolvido entregar sem a oração. Orar em comum é preciso, já!

Reverendo Luiz Fernando é Ministro Presbiteriano e Professor de Teologia no Seminário Presbiteriano do Sul



Fonte: Luiz Santos

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