Os primeiros resultados práticos de uma iniciativa que mobilizou, a partir do final do ano passado, um grupo de pessoas interessado em salvar a Santa Casa de um inevitável processo de fechamento começam a ser divulgados. Pautada em sua decisão de dar total transparência a todos os procedimentos que envolvem o novo formato de gestão da entidade, a OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Irmã Angélica divulgou procedimentos administrativos que demonstram como estão sendo conduzidos alguns assuntos considerados prioritários na ordem do dia.
Segundo dados apresentados, o Caixa evoluiu de R$ 156 no final de dezembro, para R$ 2,7 milhões em janeiro e R$ 2,2 milhões ao final do mês passado. A questão do endividamento foi atacada de forma a equacionar e renegociar dívidas pendentes com funcionários, fornecedores, prestadores de serviços e instituições bancárias.
A dívida com os funcionários que era de R$ 750 mil no final de dezembro foi toda resolvida. Segundo divulgou a OSCIP, os salários estão em dia. Em janeiro foi aberto processo de renegociação com bancos, fornecedores, convênios e prestadores de serviço. Foram regularizados pagamentos junto aos convênios, iniciado o pagamento a fornecedores e avança a renegociação da dívida com os bancos. A reativação da UTI aparecia no referido balanço como em avaliação, ou seja, foi dispensado tempo e energia para dar uma solução específica para este caso.
Segundo o médico infectologista Christian Leonardo Ferreira Campos, administrador contratado pela OSCIP para implementar o novo modelo de gestão pretendido, a UTI está próxima da reativação. Cauteloso, ele disse em conversa com jornalistas na tarde de ontem, 07, que tudo se encaminha para este processo de reativação de todos os leitos ainda este. “A UTI vai funcionar com equipamentos de maior complexidade”, frisou. Segundo projetou, o local deverá ter até um equipamento de hemodiálise.
Campos fez uma abordagem a respeito do processo de renegociação das dívidas, acrescentando que foi priorizado o acerto, primeiro com as pessoas, referindo-se a funcionários e fornecedores. Ele esclareceu que este processo de análise detalhada da dívida contraída e consequente contato com credores acaba por conduzir a um processo bastante minucioso. “É imprescindível uma análise detalhada das condições que estas dívidas vinham sendo cobradas e buscar uma solução mais sensata para ambas as partes. Tivemos casos de fornecedor que cobrava 50% de juros em cima da dívida. De repente ser fornecedor da Santa Casa passa a ser mais atraente do que investir no mercado financeiro”, ironizou.
Tratativas
Campos afirmou que nestes cerca de 60 dias em que se fixou na cidade - é natural de Governador Valadares-MG e tem residência fixa em Santana do Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo - tem procurado interagir com a comunidade local e tem mantido diversos contatos principalmente com a Prefeitura. “Eu e o prefeito Paganini já nos encontramos em algumas ocasiões e por várias vezes tenho me reunido com a Rosa (Rosa Iamarino, secretária de Saúde). Eu entendo que a Santa Casa e a Prefeitura têm muitos interesses em comum. Digo mais, estas tratativas podem modificar para melhor o panorama da saúde aqui na cidade”, projetou.
Segundo seu raciocínio, a Santa Casa tem uma relação de serviços especializados que podem ser oferecidos de uma forma mais ampla para o atendimento do público que hoje recorre ao serviço municipal de saúde. Por este raciocínio, a municipalidade ganha em termos de qualidade e agilidade na contratação destes serviços e a entidade terá uma indispensável fonte de recursos para irrigar seu caixa.
Receptividade
Questionado sobre a receptividade das pessoas de uma forma geral e do quadro de funcionários a respeito das mudanças introduzidas no processo de gestão da Santa Casa, Campos disse que a receptividade tem sido a melhor possível. “Quando converso com o cidadão comum e anuncio que faço parte deste projeto a reação das pessoas é sempre muito positiva. A população da cidade possui um apreço enorme pela Santa Casa”, deduziu. A respeito do envolvimento dos funcionários, disse percebeu um novo entusiasmo a partir da mudança na situação encontrada no final do ano passado e no presente momento. “Há um desejo inequívoco de colaboração e este clima sem dúvida nenhuma tem nos ajudado muito em nossa tarefa”, considerou.
Com curso de Mestrado na área de Infectologia, Campos possui pós-graduação em Administração Hospitalar. Até ser convidado para atuar em Itapira, vinha se dedicando a um projeto concebido na cidade mineira de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Indagado como se deu este convite, revelou que um amigo comum ao empresário e médico Ogari de Castro Pacheco fez a ponte entre ele e a Oscip. Questionado sobre qual conclusão imaginou quando tomou pleno conhecimento do quadro geral da instituição, Campos concluiu que é absolutamente possível fazer com que este projeto dê certo.
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